terça-feira, 29 de junho de 2010

Regras do Futebol

O Passe

- sempre que possível, passar a bola para um jogador da equipa adversária.
- caso a situação referida anteriormente não seja possível, passar a bola para "o vazio".
- em último caso, passar para o jogador que estiver rodeado de mais adversários.

O Capitão de Equipa

- o capitão de equipa deverá sempre ganhar mais dinheiro ao representar a sua selecção do que na equipa onde joga o resto do ano, pois este jogará apenas conforme o pagamento.

Em Caso De Faltarem 5 Minutos Para Acabar E Estiver A Perder

- é necessário desviar a bola o mais vezes possível para fora de campo.
- a equipa deve recuar o jogo aproximadamente 14 vezes por minuto.



(não, eu não estou a criticar ninguém, é só um desabafo de quem acabou de ver o jogo. os meus parabéns apenas e só ao grande Eduardo.)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

antigamente, quando me falavam em ambiente, poluição, aquecimento global, "não deites papéis para o chão" e etc, pensava nisto da seguinte forma: ok, é verdade, estamos a destruir isto tudo, mas... eu sou só uma pessoa. o que é que uma só pessoa, quando milhões o fazem, adianta ou altera a situação? porque é que eu me vou preocupar com isso se mais ninguém se preocupa e acaba por ficar tudo igual? era assim que eu via as coisas. aliás, cada vez que apareciam ecologistas na televisão, com cartazes e coisas como "salvem as baleias", eu chegava a ter pena deles, porque realmente aquilo não os iria levar a lado nenhum, ninguém iria mudar nada e muitas vezes me surgiu o "pf, isto é uma perda de tempo". à medida que fui crescendo, estava cada vez mais dentro da situação e na escolha do último trabalho de biologia do 12º ano, decidi ficar sozinha e falar sobre "aquecimento global e efeito de estufa". isto levou-me a pesquisar centenas de coisas, muitas que já nem precisava mas queria saber cada vez mais. esta procura levou-me a livros que tinha em casa sobre o assunto e por fim alguns filmes, entre eles o "uma verdade inconveniente" (que me foi mostrado pela escola aos 14 anos. com 14 anos os miúdos não querem saber de mais nada senão aquecimento global...). toda este conhecimento revoltou-me. não sei bem o que me aconteceu, mas o "ser só uma pessoa" já não me interessava. eu tinha de falar, explicar, dizer a toda a gente o que está a acontecer. mesmo que não mudasse nada. mesmo que não adiantasse. a partir de uma certa altura, dei comigo a apanhar lixo do chão da escola. percebi que era inútil pedir a meninos e meninas do 7º ano que deitassem o papelinho no azul, e não no amarelo só porque estava mais perto. obriguei os meus pais a comprar lâmpadas fluorescentes. e não, não me esqueci de todas as fábricas e automóveis que a cada segundo enviam gases de efeito de estufa para a atmosfera. mas também não me esqueci das pessoas que moram a 50 metros da escola e vão de carro, dos que pensam que os seus filhos e netos vão viver num mundo todo bonito e colorido, dos que sujam tudo e mais alguma coisa porque o caixote do lixo não está à distância de um levantar de braço. e decidi escrever isto porque cada vez mais me preocupo com a Terra. posso não fazer com que parem de a destruir, mas posso abrir os olhos às pessoas, isso posso. e para mim, já não é uma perda de tempo.

pessoas da minha terrinha, conhecem o jardim do lago? claro que conhecem, local típico de convívio com família ou amigos, concertos, brincadeiras, festas... e todos como eu, mesmo que não gostem do sítio, sabem reconhecer que é bonito, calmo, verde...



pois, é mesmo bonito. sinto-me bem quando ali estou, seja de dia ou de noite. só não me sinto bem quando, numa qualquer tarde que decido passar à beira do lago (que por si só é sujo e poluído e não percebo como é que os patos ali vivem), me deparo com isto:



eu sei que não é só ali, mas foi o que vi quando decidi sentar-me na pedra. já não tenho sequer palavras para dizer sinceramente o que acho disto e o que acho de quem o faz. só pedia, com todo o respeito que devíamos ter por quem nos dá tudo, que pensassem duas vezes antes de o fazer. uma só pessoa não o faz, mas se pensássemos todos assim, onde estavam as revoluções, as manifestações, as lutas que mudaram o mundo? eu ainda acredito que isto pode mudar. mas como é que eu vou mudar a cabecinha de 6 biliões de pessoas?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

when i was a child i had a fever
my hands felt just like two balloons
now i've got that fever once again
i can't explain
you would not understand
this is not how i am
i have become comfortably numb





ao meu pai, que me passou o gosto musical nos genes.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

aaawwww

o exame de matemática até era giro. mais giro ainda é estar feito e eu oficialmente de férias. e um resumo disso é: séries séries séries, 563 filmes, devorar livros, música, festa, piscina, fazer nada, conviver. that's right.

ao som de,

domingo, 20 de junho de 2010

Five To One

- Está a voltar!
- O quê?
- O Woodstock! Está tudo a voltar!


portanto, ontem à noite fui a mais um concerto da banda Five To One. como sempre, mas mesmo sempre, não consegui ficar sentada porque tanto as originais deles como as covers puxam por mim de uma forma inacreditável. os instrumentos, o ambiente, o rock de excelente qualidade, as músicas mais antigas, o trabalho deles... tudo em perfeita sintonia. o que me fez pensar. uma banda assim, com tanto talento por parte dos cinco elementos, devia dar muitos mais concertos aqui, na sua cidade (porque, sem entrar agora em críticas a gostos musicais, old is gold e rock/blues é divinal) em vez de chamarem todos os pimbas e mais alguns. claro que não podemos agradar a gregos e a troianos e eu sei que a minha avó prefere um baile ao som dessas so-called-músicas do que ir abanar a cabeça a ouvir rage against the machine. mas um projecto assim pode ir mais longe, como já foi e com certeza irá. a questão é: a covilhã têm uma banda destas. é nossa, é criativa! deviam dar mais concertos aqui na zona até que toda a cidade os conhecesse! façam-me lá um favorzinho e reconheçam o trabalho e dedicação desta banda que, sem dúvida alguma, tem futuro. haja concertos (que eu apareço lá). e de preferência, como o de ontem (que foi o auge, só por ter led, doors, pink floyd, muse, rage, david bowie, john lennon, the who, neil young, ornatos violeta e Five To One lá pelo meio). obrigado pelo vosso trabalho.




post não relacionado com o facto de o vocalista ser lindo.

sábado, 19 de junho de 2010

(warning: é sobre futebol)

« O estranho caso do cego que não quer ver…
Por favor parem de chatear o Queiroz. Já não há paciência.
Ou porque convocou jogadores que não jogam há seis meses. Ou porque convocou jogadores que a minha mãe pensava que eram actores de novelas (nunca os tinha visto jogar, nem cá nem em lado nenhum). Ou porque não soube gerir três mil pessoas que passaram várias horas ao sol para ver os jogadores. Ou porque a qualquer pergunta (uma qualquer que seja) responde com um ar de chateado. Ou porque o Nani fica, ou porque não fica, ou vai, mas está lesionado e afinal fica, mas se calhar é melhor vir. Ou porque um jogador que não estava sequer convocado é opção logo no primeiro jogo. Ou porque o Deco não gosta de jogar à direita (se tivesse treinado essa opção, acredito que ele não faria tais declarações). Ou porque a bola parece a bola de praia da minha afilhada. Ou porque o terreno está mau. Ou porque a tala do Drogba pode aleijar (sorte ele ter entrado, senão…) Ou porque a Costa do Marfim defende muito – malandros, sempre a cortar passes e a impedir remates, assim como é que podemos ganhar???
Queiroz, eu estou contigo, já tenho a net, televisão e rádio ligados à espera de mais algum culpado (que não tu claro). Se quiseres culpar mais alguém, mais qualquer coisa, eu até posso ajudar: podes dizer por exemplo que, ah e tal as outras equipas jogam com onze jogadores, assim é difícil. Ou então: mas eu em mil nove quarenta e seis ganhei um mundial de juniores só com jogadores fraquinhos (Rui Costa, Figo, João Pinto, etc…). Ou melhor, melhor: a FIFA devia ter uma lei (só entre hoje e segunda feira) que impedia países com ditaduras de rematar à baliza e ter guarda-redes.
Se nada disso resultar, podes culpar os Black Eyed Peas por terem dito que tinham um feeling…
Em resumo: Deixem o homem em paz, coitadinho!!! »

- Miguel Serra

quinta-feira, 17 de junho de 2010

exames and stuff

dias que nunca mais acabam...

(eu sei que vocês adoraram a sensação de abrir o exame de português e numa milésima de segundo, perceber que iam analisar lusíadas :D oh well...)

sábado, 12 de junho de 2010

começava sempre da mesma maneira. a pequena rapariga estava nas aulas, no intervalo ou até mesmo em casa, mas começava sempre da mesma maneira. num segundo sentia-se bem, no outro começava a ver "luzinhas". ela era pequena e não sabia ainda dar-lhe outro nome, nem sequer sabia a designação científica daquele fenómeno, então deu-lhe o nome de luzinhas. via luzinhas do seu lado direito e estas não desapareciam com facilidade. já estava habituada mas nunca conseguiu manter a calma - o seu corpo começava a tremer, não porque fosse sintoma mas porque a menina sofria de um extremo nervosismo, o que piorava tudo. como um ritual que se repetia de ano a ano, às vezes de tantos em tantos meses, seguidamente às luzinhas perdia o lado direito do seu corpo. o braço tornava-se dormente, a perna tornava-se dormente... não podia nem falar, porque a boca descaía também para o lado direito. depois, uma enorme dor inundava-lhe o lado direito do cérebro. a pequena ficava desorientada com tantas coisas a acontecer ao mesmo tempo. alguém acabava por avisar a sua mãe, o que a deixava muito mais segura. eventualmente, transportavam-na para o hospital (onde, por estranho que pareça, ela se sentia melhor). sabia que assim que a picassem tudo iria ficar bem. entrava nas urgências e começava a vomitar. vomitava tanto, a pobre rapariga... até as dores de cabeça aumentavam. o corpo tremia cada vez mais, tanto que muitas das vezes batia com a sua pequena cabeça na parede ou nos ferros da cama. os enfermeiros e médicos diziam coisas sem muito nexo, mas ela acenava. era mais ou menos nesta altura que ela via a sua mãe chorar. nunca percebera porque é que a mãe chorava, se com ela nada se passava! alguém a picava no braço e lhe injectava o soro. o soro que finalmente lhe iria dar o medicamento necessário. colocavam a sua cama com rodinhas num quarto mais escuro, onde a menina adormecia sempre depois destes acontecimentos e sempre a ver a sua mãe chorar ali ao lado.
a pequena rapariga acordava passadas uma ou duas horas e olhava para o lado. a mãe estava numa grande cadeira azul a dormir. não a queria acordar, mas tinha de lhe dizer que já não via as luzinhas. por algum motivo, ter a sua mãe tão perto era motivo de descanço, paz interior, segurança. a mãe acordava e perguntava-lhe vezes sem conta se ela estava melhor. nessa fase, a menina sentia muita fome e já sabia o que a enfermeira lhe poderia trazer: chá e bolachas maria ou um iogurte de morango. ela comia e sentia-se consideravelmente melhor. a partir daí, perguntava vezes sem conta aos enfermeiros se já podia ir para casa, como sempre. a sua mãe estava ali a conversar com ela. e ela gostava tanto da sua mãe!

eu gosto tanto da minha mãe...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

goodbye, frei heitor pinto.

seis anos. lembro-me perfeitamente do primeiro dia de sétimo ano. nem a um metro e trinta chegava. sentia-me no meio de tantos desconhecidos... mas lá se foram tornando familiares. uns mais próximos que outros, bons amigos, bons colegas. idade da parvoeira. acho que fui ficando cada vez mais parva, criança, tola, irritante, mas no quarto ano isso mudou. mais responsabilidade, muito mais trabalho e estudo, outro tipo de tratamento. deu para crescer. hoje, quando penso na minha pessoa no sétimo ano, apetece-me bater-lhe. gritar com aquela miúda. importava-me com coisas tão fúteis, ligava tanto ao que os outros diziam. mas lá está, aprendemos com a vida. seis anos. neste tempo todo, aprendi a viver. muito lentamente, fui deixando de me importar com certas coisas e passei a fazer o que realmente queria e bem me apetecia. aprendi que as pessoas vão e vêm, e que não tem mal nenhum. são raros os que se mantêm connosco, mas é porque são exactamente esses que devem ficar. deixei de dar importância a birras. aprendi a estudar, a organizar-me, a ter responsabilidade. aprendi a ter tempo para a escola e para a diversão. até aprendi a respeitar o ambiente e a querer agora cuidar dele (por influência de pessoas magníficas e claro, daquilo que fui aprendendo nos livros de química e biologia). seis anos. lá pelo meio, entrei na oficina de teatro. sem mais elogios nem aquelas coisas que todos sabem, ganhei verdadeiros amigos. aqueles que mesmo só estando com eles uma vez por semana, eram o ponto alto desta, sem dúvida alguma. mudou completamente aquilo que poderia ser a minha estadia no liceu. poderia ter sido vazia, mas tive a sorte de fazer arte, espectáculos de valor, com grandes actores e duas encenadoras. recordo tudo isto com uma enorme alegria e com a certeza de que me vou lembrar deles para sempre. seis anos. acabo assim o secundário com dois pensamentos: apesar de todos os altos e baixos, de tanta porcaria feita da minha parte e de outros, somos seres humanos e ninguém é perfeito, tudo serviu para aprender e crescer. é isto que eu quero dizer à minha turma, pessoas de quem eu gosto mesmo muito, agora que as conheço bem e que já estava tão habituada a elas; e sei que agora estou preparada para enfrentar o resto. é engraçado pensar nisto. os anos passam, agora tenho um metro e meio, e de cabecinha estou consideravelmente mais atinada, mas... lembrem-se sempre de mim como a parvinha alegre que passava o tempo a cantar e que fazia um drama por tudo e por nada. seis anos.

e se tudo correr bem, coimbra.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

what have they done to the earth?

you look at that river gently flowing by.
you notice the leaves rustling with the wind.
you hear the birds; you hear the tree frogs.
in the distance you hear a cow.
you feel the grass. the mud gives a little bit on the river bank.
it's quiet; it's peaceful.
and all of a sudden, it's a gear shift inside you.
and it's like taking a deep breath and going,
"oh yeah, i forgot about this."


albert arnold gore jr.


foi mais ou menos aqui, com estas palavras, que eu acordei.

terça-feira, 1 de junho de 2010

uma gravata às riscas e uma fita métrica

o homem até é engraçado. chego a ter pena dele. entra num qualquer local, e olha desconfiado para tudo o que é sítio. analisa as pessoas, as estruturas, o ambiente. faz-se de superior, mas... coitado, começa a suar. limpa-se com o seu lenço branco e sente-se até um pouco humilhado. não importa. continua e pára. olha para elas. são bonitas. um outro homem de aspecto estranho cumprimenta-o com um levantar de cabeça, mas ele ignora-o e finge não o conhecer.

quando vê um outro homem avançar, ele avança também. não tinha bem a certeza do que ia fazer, mas a rapariga do vestido azul parecia ser a ideal para si. pousou a sua mala de trabalho e convidou-a para dançar. ela sorriu e no momento em que lhe ia dar a mão, suou outra vez. limpou-se e a rapariga riu dele. ainda assim dançaram, dançaram ao som de uma música divinal.

a música parou. ele encostou-se num canto e observou os outros. não ficou calado, e chegado o seu tempo, manifestou-se. o desejo realmente estragara tudo na sua vida; estava desesperado. contudo, não se mostrou inferior e fez questão de falar das suas conquistas no trabalho. mas calou-se. achou melhor. os outros também tinham o direito de expressar o que lhes ia na alma. depois, mostrou-se confuso com o tempo. o tempo não era nada, pois o desejo ocupava a sua vida e o tempo inteiro concentrava-se... ali. até o esperma era um suicídio de tempo.

um dia, ele construiu uma ponte que não chegava ao outro lado. caramba, ele esforçou-se, de início as pessoas ficaram contentes! mas depois insultaram-no. disseram-lhe que não sabia fazer uma ponte. ele, um especialista! faltavam dois metros para acabar aquela ponte. será assim tanto? é razão para as pessoas o julgarem? que culpa tem ele de não ter ideias? sim, ideias! ele tinha mão-de-obra e material, só não sabia como acabar a ponte! tinha uma doença chamada falta de ideias.

ele não quer mudar o mundo. não tem tempo para isso. considera até uma perda de tempo por parte de quem o faz. porque quem o faz, arrasta um móvel de um lado para o outro, e quando finalmente o tem no lugar, abre as portas e vê que os copos estão todos partidos. ninguém se lembra da fragilidade do vidro.

mas que interessa? sai do seu canto e vai buscar alguém para dançar. no fim, é isso que o faz feliz.


/ a quem foi ver ♥